Polarização do transístor
A polarização do transístor é necessária para
assegurar a polarização directa da junção base - emissor, e a polarização
inversa da junção base - colector. Um dos grandes problemas associados ao
transístor é a sua polarização. Um amplificador correctamente polarizado é
preparado para funcionar a metade da gama de tensões compreendidas entre o
corte e a saturação, quando não lhe é aplicado um sinal de entrada. Os efeitos
exteriores, como a temperatura e a luz podem afectar a polarização do circuito,
devendo haver uma compensação a estas alterações.
Como um amplificador transistorizado pode funcionar entre o corte e a
saturação, a polarização deve assegurar que o transístor nunca atinja a
saturação nem o corte quando o sinal de entrada é introduzido.
Se isso suceder, haverá uma distorção no sinal de saída.

Amplificação de um sinal.
Polarização de base

Esquema de polarização da base
A resistência Rb polariza directamente a junção base - emissor, e a
resistência Rc polariza inversamente a junção colector - base. O condensador Cc
evita que a tensão DC existente no sinal de entrada, afecte a polarização
estabelecida no circuito. Este tipo de polarização usa poucos
componentes, mas tem alguns inconvenientes.
Se a temperatura aumentar, o beta também aumenta fazendo aumentar a
corrente de colector. Se a temperatura diminuir, o beta diminui fazendo
diminuir a corrente de colector. Significa isto que a polarização, deste tipo
de amplificador, varia com a polarização. Isto pode levar o transístor a
atingir a saturação ou corte, distorcendo o sinal de saída. Este tipo de
polarização é bastante usado em circuitos digitais, onde a distorção do sinal
não tem qualquer significado, visto que o transístor funciona no corte e na
saturação.
Polarização com realimentação de colector

Polarização com realimentação
Este tipo de polarização tenta solucionar o problema existente na
polarização de base,se houver um aumento na corrente do colector devido a um
aumento na temperatura, ou outra razão, será compensada pela auto -
polarização. O aumento da corrente do colector, aumenta a condução do
transístor. Qualquer aumento na condução, causa um aumento na queda de tensão
em RL, e uma diminuição na tensão do colector. A diminuição da tensão do
colector é transmitida à base pela resistência, Rb. A diminuição da tensão na
base, diminui a polarização directa da junção emissor - base, diminuindo a
corrente de colector, e compensando o efeito provocado pelo aumento da
temperatura.Uma diminuição na corrente do colector, causada por uma diminuição
na temperatura, ou outra razão, é também compensada pela auto - polarização. A
diminuição na corrente de colector, diminui a condução do transístor. Qualquer
diminuição na condução, causa uma diminuição na queda de tensão de RL, e um
aumento na tensão do colector. O aumento da tensão de colector é transmitida à
resistência de base, Rb. O aumento da tensão na base, aumenta a polarização
directa da junção emissor - base, aumentando a corrente de colector, e
compensando o efeito provocado pelo decréscimo da temperatura.
A auto - polarização tem duas desvantagens. Primeiro, só pode ser usada
onde existam alterações moderadas de temperatura. Segundo, ela reduz a
amplificação. Isto ocorre devido aos sinais do colector e da base estarem 180
graus desfasados. O desfasamento do sinal de realimentação do colector, que é
usado para a polarização, reduz parte do sinal de entrada da base.
O processo de reenviar parte do sinal de saída para a entrada é conhecido
por "realimentação negativa".
Polarização
por divisor de tensão
A
polarização por divisor de tensão, é também conhecida por polarização mista,
visto que são usadas em conjunto a polarização fixa e a auto - polarização.
Assim se consegue aumentar a estabilidade, e ultrapassar algumas das
desvantagens dos outros métodos de polarização anteriores. A figura 6 ilustra
uma configuração típica de um amplificador polarizado por divisor de tensão.

Fig.6 – Polarização por divisor de tensão
A polarização fixa é fornecida pela malha R1, R2.
A circulação da corrente através da malha, da terra para o Vcc, polariza a
base positivamente em relação ao emissor. R3 é ligada em série com o emissor,
para proporcionar uma auto - polarização. Se a corrente do emissor aumentar, a
queda de tensão através de R3 aumenta, diminuindo a tensão do colector.
Como R3 aplica uma auto - polarização, isto significa outra forma de
realimentação, diminuindo a saída do amplificador. O condensador de acoplamento Cbp, é usado para
compensar parcialmente a realimentação. Isto
é conseguido passando para a terra as variações AC do emissor, enquanto permite
que a polarização do emissor se altere com as mudanças da condução do
transístor. A combinação de R1 e R2, aplica uma polarização fixa à base, e R3 e
Cbp, aplicam uma auto - polarização, melhora a estabilidade térmica, e mantém a
polarização do transístor no ponto correcto.
Polarização do emissor

Circuito de Polarização de Emissor
A figura mostra um circuito típico da polarização de emissor. A sua
vantagem é que proporciona uma estabilização muito sólida. Qualquer variação de
temperatura que afecte a condução, é compensada pelas resistências de emissor e
de colector.
Existe
uma desvantagem importante com este circuito; são necessárias duas fontes de
alimentação, uma positiva e outra negativa. Embora todos os circuitos
apresentados, contenham transístores NPN, o funcionamento é o mesmo com
transístores PNP. As únicas diferenças serão na polaridade das fontes de
alimentação. Lembre-se de que o transístor PNP necessita de uma polaridade
positiva enquanto que o PNP necessita de uma polarização negativa.
O funcionamento do transístor
Primeiro, vamos colocar uma bateria
entre o emissor e a base. Para fazer uma polarização directa, ligamos o
terminal negativo (fluxo de electrões) da bateria ao emissor (porção N -
excesso de electrões) e o terminal positivo (fluxo de lacunas) à base (porção P
- excesso de lacunas). Desta forma, a região N, com excesso de electrões,
recebe ainda mais electrões, e a porção P recebe ainda mais lacunas.

Polarização directa emissor-base
A polarização directa faz com que a porção
emissor-base se comporte exactamente como um condutor. Ao mesmo tempo, vamos
polarizar inversamente o conjunto base-colector. Para isso, conectamos o
terminal positivo (fluxo de lacunas) da bateria ao colector (porção N - excesso
de electrões) e o terminal negativo (fluxo de electrões) à base (porção P -
excesso de lacunas). Desta forma, os electrões do colector serão atraídos pelas
lacunas do pólo positivo da bateria e as lacunas da base serão completadas
pelos electrões do pólo negativo. Como também vimos no caso do díodo, essa
polarização inversa faz com que a porção base-colector não conduza corrente.
Mas agora veja a parte mais importante: dissemos que iríamos fazer as duas
polarizações anteriores simultaneamente. Veja então o interessante efeito que
obtemos:

Polarização simultânea
Na
polarização emissor-base (a primeira que vimos), os electrões se dirigiam para
a base, atraídos pelo pólo positivo da bateria. Mas agora o coletor, que é bem
maior e está com energia extra vinda do pólo negativo da bateria, exerce uma
atração muito maior sobre esses elétrons. Como a base é muito fina, os elétrons
tendem muito mais a atravessar a base e ir para o coletor do que fluir pela
base para o pólo positivo da bateria. Desta forma, uma pequena parte da
corrente fluirá pela base; a maior parte da corrente fluirá para o coletor.
A "mágica" da amplificação já está acontecendo. Só
nos falta entender o porquê:
Se aumentarmos a corrente que flui pela base (emissor-base),
haverá um aumento na corrente que flui pelo coletor. Ou seja, podemos controlar
a corrente vinda do emissor para o coletor agindo sobre a corrente da base.
Noutras palavras: a corrente da base controla a corrente entre o emissor e o
coletor.
Como a corrente da
base é muito pequena, basta aplicarmos uma pequena variação na corrente da base
para obtermos uma grande variação na corrente do coletor. Pronto: entramos com
uma pequena corrente (via base) e saímos com uma grande corrente (via coletor).
Última
observação
Analisamos um transístor do tipo PNP. Caso invertamos nosso
sanduíche, criaremos um transístor NPN. O funcionamento é exatamente o mesmo,
apenas invertendo-se o fluxo da corrente.
Nos esquemas eletrônicos, que são os "mapas" de
como um circuito eletrônico é desenhado, os transístores são representados
pelos seguintes símbolos:
![]() |
![]() |
![]() |
Esta é toda a mágica do transístor. Dê uma olhada à sua
volta e com certeza você encontrará uma série de dispositivos que lhe dão
conforto que funcionam baseados justamente nesse princípio. São os elétrons
fluindo, permitindo tudo o que conhecemos como eletrônico. Esse foi o
princípio da nossa Era Digital.

Amplificação. (Inspirado em desenho da Lucent)
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